sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Balanço Cia. Embróglio 2017

Passadas as festividades de final de ano e após um breve período para um respiro mais profundo, gostaríamos de fazer algumas reflexões sobre o ano que passou, a partir da perspectiva da nossa Embróglio. Companhia que mantemos desde 2004, anteriormente chamada de APATOTADOTEATRO, e, que em 2017 – ano de resistência social e política, voltou à cena para escancarar os seus anseios e inquietações, problematizando aspectos da vida contemporânea a partir da arte e cultura.

Reestreamos o espetáculo “Ontem à noite caía o sol” no Teatro Mini-Guaíra, durante a Mostra FRINGE do Festival de Teatro de Curitiba, em abril de 2017 e realizamos o projeto Memórias da Resistência, em dez instituições pedagógico-culturais de Florianópolis, São José e Palhoça, entre os meses de outubro e dezembro de 2017. Este projeto foi possível após sermos contemplados pelo Edital de Chamamento 01/2016, promovido pelo convênio firmado entre a Secretaria de Turismo, cultura e esporte e o Ministério da Cultura. 

Conseguimos atingir com este projeto aproximadamente 700 espectadores, dentre eles alunos, professores e comunidade em geral. Em Florianópolis, fomos a Canasvieiras (E.B.M. Osmar Cunha), Centro (IFSC Centro e Centro de Educação Continuada), Costeira (E.B.M. Prof. Anisio Teixeira), Estreito (Biblioteca Barreiros Filho), Rio Vermelho (E.B.M. Maria Conceição Nunes), Saco Grande (E.B.M. Donícia Maria da Costa) e Santinho (Espaço Experimental Engenho do Zé). Também realizamos apresentações nos campi do IFSC em São José, no bairro Praia Comprida, e Palhoça (Campus bilíngue), no bairro Pedra Branca. Em todos os lugares encontramos pessoas dispostas a conversar e debater sobre as correspondências entre a arte, a memória e a democracia, contribuindo para o florescimento das discussões e questões propostas em cada encontro. 

Durante os meses de execução do referido projeto, perdemos Derlei Catarina de Luca, figura símbolo da militância política contra a ditadura em Santa Catarina. Perdemos outras tantas, que não conhecemos e nem sabemos o nome, pessoas que fazem falta em um momento onde as ideias totalitárias ganham espaço. Estamos, como Ana – personagem da obra de Ontem à noite caía o sol - girando... Chegamos perto do fogo e agora não podemos sair. Queremos gritar, ainda mais, sobre a falsa ideia de que nosso estado de Santa Catarina não foi combativo e revolucionário durante os anos de chumbo.

Entretanto, para conseguir realizar estes objetivos, contamos – direta ou indiretamente – com o apoio e auxílio de algumas pessoas, que não poderíamos deixar de agradecer:

À Carolina Coral e Mariana Costa Lima, por cederem os direitos de veiculação do curta-documentário “Vou-me embora protestando;

Aos nossos parceiros do Espaço Experimental Engenho do Zé, que funciona como sede administrativa da companhia, principalmente nas figuras da Valéria Binatti e Zeca Xavier;

Aos associados da entidade, Carol Boabaid, Bettina Berbigier, Nara Temosko e Têre Manfred, por estarem sempre disponíveis para os assuntos administrativos e que mantêm a associação funcionando e apta a participar de concursos e licitações;

Nossos agradecimentos mais que especiais aos nossos parceiros novos (Coletivo Memória, Verdade e Justiça / SC; Ealis Comunicação, Sérgio Vignes e Xamã Filmes) e antigos (Andrea Padilha, Janaína Romão – RV Contabilidade e Manu Pinheiro - Bossa Comunicação), que nos brindaram com seus conhecimentos e companheirismo.

Em tempo, agradecemos a Alejandro Robbino, Camilo Urón, Eduardo Osório (Zozó), Eliza Kato Bieberbach, Leonardo Lima, Mauricio Arruda Mendonça, Marília Carbonari, Mariza Coral, Paulo Pergher, Sassá Moretti, Zélia Sabino e aos nossos demais familiares.

Sim, tá tudo ligado... A história é cíclica e a arte coloca luz sobre nossas escolhas, sobre nossas memórias. O que vamos valorizar? Nossa história de lutas e resistências ou os vácuos históricos que não são impostos? O esquecimento é um projeto e deve ser identificado, temos muito a aprender com todos. Abrir espaço para o outro falar, sair do centro, descer do pedestal dos privilégios e caminhar, construir história. A história é dinâmica e não está concluída. Ao conhecer as narrativas de luta, nos fortalecemos como artistas... Afinal, o outro sou eu!

Estamos prontos para 2018, com um tanto de coisas para falar, outras muitas mais para ouvir e muito pelo que lutar! Que venha!!!!

Abaixo, um apanhado de imagens das realizações (fotos de Sérgio Vignes).