quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Breves Cenas - Manaus AM

Novidades no site do 4º FESTIVAL BREVES CENAS DE MANAUS!!!


Maiores informações: www.brevescenas.com.br

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

CACÁ CORRÊA: 48 ANOS*

Ricardo de Faria Corrêa, mais conhecido como Cacá Corrêa, nasceu na cidade de São Gabriel em 24 de fevereiro de 1964. Último filho do casal Rafael e Celestina e irmão caçula de Rita, Rafael e Maria Lúcia (mais conhecida como Zazá). Desde cedo esteve muito ligado à sua avó Alda, com quem passava muito tempo junto. Desta companhia, o interesse pela costura e culinária começaram a aflorar. Dono de uma personalidade forte desde menino, e ainda por sofrer de asma e uma doença cardíaca que o levou a duas cirurgias antes dos 10 anos, fazia normalmente o que queria. Seu pai morreu de infarto, aos 46 anos deixando viúva e quatro filhos “atônitos” perante o mundo.

Cacá (direita) ao lado de seu amigo de infância

Quando decidiu sair de São Gabriel para o mundo, optou cursar Artes Plásticas pela UFRGS, mas sua paixão pelo teatro era maior, tanto que abandonou tudo para seguir Adriane Mottola e Palese em seu mundo de imaginação do início do que é hoje a Cia. Stravaganza. Dessa parceria que durou de 1988 a 1992, surgiram 05 espetáculos: Shandar e o feitiço de Mungo, O marido era culpado, Por um punhado de jujubas,  A lenda do Rei Artur e O ovo de Colombo. “Por um punhado de Jujubas” foi um fenômeno do teatro gaúcho infantil que ainda permanece no repertório da Companhia.

Cartaz do espetáculo "Por um punhados de jujubas"

Continuando sua trajetória, Cacá resolveu se aventurar em outras companhias e com outros diretores, onde destacam-se: Néstor Monastério, Zé Adão Barbosa e Camilo de Lélis.

Cacá, em Romeu e Julieta, como Mercúccio, no centro da cena. Direção: Zé Adão Barbosa

Este último, diretor de um dos espetáculos que Cacá remontou em 2004 em Florianópolis, chamado “O Espantalho”. Uma colagem de textos a partir das peças curtas de Anton Tchekov que “abrasileirava” o personagem Ivan, inserindo textos dos mais variados dramaturgos, poetas e pensadores como: Mário Quintana e Woody Allen. Tornou-se fenômeno de público e crítica no Estado do Rio Grande do Sul, fazendo com que Cacá arrebatasse seu 7º Prêmio de atuação – Prêmio Açorianos de Melhor Ator - em 1995. Curiosamente, sua remontagem na Ilha do Desterro não conseguiu arrebatar nem público e nem crítica.
Paralelo à sua incursão no teatro, fazia comerciais. Destaca-se a Campanha que realizou por 05 (cinco) anos para as Lojas Colombo, que veiculavam em todo sul do Brasil.
Mais Cacá, almejava mais. De mudança para o Rio, apresentou seu “Espantalho” no bairro boêmio da Lapa e iniciou um contato com a Globo, participando de alguns programas de TV. Mas seu maior vínculo com a emissora, veio de seu trabalho como cenógrafo/artista plástico ao ser contratado pelo Programa “Retrato Falado” – quadro que se tornou notório no Fantástico - dirigido por Luiz Vilaça, que retratava os brasileiros através de estórias verídicas e engraçadas enviados pelos espectadores do programa e materializados pela atriz Denise Fraga.

Locação repaginada pra o quadro Retrato Falado - Rede Globo

Chegando aqui, foi morar no Santinho, fazia pão para vender e entregar na vizinhança de bicicleta. Mas sua veia artística não o deixou. Ao lado de Valéria, Zé, Maria(S), além de vários outros “entusiastas” da cultura açoriana e principalmente das tradições da Comunidade do Santinho, iniciou um processo de uma série de documentários sobre o local. A Série de vídeos tornou-se realidade em 2006 e 2007, quando saíram do forno 05 (cinco) documentários editados.

Cacá e seus colegas em uma reunião durante a captação das imagens para a série de documentários, na Praia do Santinho

Mesmo morando no Santinho foi contratado pela Escola Ribalta para ministrar aulas de vídeo e teatro. Das amizades que ali surgiram, e foram muitas, formou-se o grupo Apatotadoteatro. Entre elas: Têre, Nara, Boleta, Mari, Rodox, Luisa, Rafael (S), Cleide, Ênio entre tantos outros.
Na direção do Grupo e das peças, Cacá nos presenteou com 05 espetáculos (Dois Perdidos numa noite suja, O Despertar da Primavera, O Mistério da Luz do Bota, O Rouxinol do Imperador e Lá, no fundo do mar...), 02 montagens-finais de cursos (Lisístrata - A greve do sexo e Arquivo Franklin) e inúmeras oficinas, inclusive de Maquiagem Cênica, ministrada por ele na 3ª Semana Ousada de Artes UFSC/UDESC.

Figurino Mestre Bú desenhado por Cacá - Espetálo "O Rouxinol do Imperador"

Nos últimos tempos, além de cursar Licenciatura em História/UDESC, vociferar contra o sistema de transporte da ilha e da Política adotada em sua administração, bradar por uma união da classe artística, seu foco era Franklin Cascaes. Era apaixonado pelo artista catarinense e por sua vasta obra.

Confecção de bernunças - folclore açoriano

Nos deixou na véspera de Natal - dia 24 de dezembro de 2010, aos 46 anos – assim como tinha ocorrido com seu pai. Sua alegria, sua arte e seus momentos de “insights” artísticos fenomenais e inacreditáveis nos deixaram e ainda vão deixar saudade... sempre.

EVOÉ, CACAZITO!!! PARA SEMPRE EM NOSSO CORAÇÕES!

HOJE ELE ESTARIA COMPLETANDO 48 ANOS. Mas realmente, ele SÓ FEZ O QUE QUERIA.

*Texto escrito por Gustavo Bieberbach, a partir de fragmentos de lembranças, sentimentos e elucidações. (2004-2010)