quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

TREINAMENTOS PARA O NOVO ESPETÁCULO

Início dos treinamentos do próximo espetáculo da Cia: 18/01/2010.

LÁ, NO FUNDO DO MAR... Projeto comtemplado pelo Edital Elisabete Anderle 2008/2009.

Atores manipuladores: Carol Boabaid e Gustavo Bieberbach.

Direção geral: Cacá Corrêa.
Produção: Farsa Imagens & Atos.

Abaixo os primeiros exercícios de manipulação de Bonecos (Bonecos utilizados a partir do espetáculo O ROUXINOL DO IMPERADOR / 2007. Participação no video: Natanael Machado):

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

ARTIGOS

Panorama da primeira década do século XXI, por Cacá Corrêa*.

Lugares que produzem cultura hoje variam muito, onde diferentes propostas deixam claras as condições e tipos de cada movimento que se deseja fazer neste sentido. Enquanto isso o mundo mergulha numa crise de valores que aparentemente estariam superados, mas que forçosamente nos fazem assistir, pasmos, o retorno grosseiro da ignorância do poder que paga a peso de dinheiro pela consciência dos novos “valores”.
Então, visto desta maneira, pouco ou quase nada se percebeu de marcante neste período. Na primeira década do século XXI, ao contrário do “progresso vanguardista” do século anterior, de extrema sensibilidade e discussão intelectual, assistiu-se um gigantesco desmoronamento ideológico, social, e artístico onde, ao mesmo tempo em que se amplia o significado e sentido da palavra cultura com o suportar velado das diversidades – insuportáveis por tantos que exercem o “politicamente correto” como cartilha de conduta –, vimos uma grande maioria das manifestações estéticas não passarem de exposições infundadas feitas pela multiplicidade de suportes efêmeros e repetitivos, frutos de vontades e interesses particulares e com forte tendência ao “agrado popular”. Assistimos ainda uma diluição profunda no “fazer”, “ser” e “ter” artísticos enquanto a educação para a cultura, questão fundamental para esta evolução, não mais está a serviço desta “trajetória evolutiva” que poderemos chamar de conhecimento - já que a ética está fora de moda e o que está em jogo é somente a boa vida para os comparsas. E assim, nos é mostrada uma nova ordem ditada pela agressão multimidiática falsa, sem propósito algum, que desvia nosso olhar, unida a interesses financeiros de oligopólios e/ou grupelhos políticos bem organizados que imperam com forte sinal de permanência.
Assustador, apocalíptico, desesperador, seriam sentenças que estariam diretamente ligadas a este momento de extrema imobilidade intelectual se , por outro lado, esta não fosse a hora de tirarmos satisfação destes comandantes, destes pseudo-representantes da fragilizada cultura e nos entregarmos à prática da união e progresso, sem chefes mumificados, que determinam de dentro dos seus sarcófagos seguros e intocáveis o que será feito no próximo período, quando começa e como termina. Não, isso não é postura de cidadãos que representam esta nova era.
Mas, apesar disto não nos faltará forças, vivemos atentos e esperançosos. E, se pudéssemos fazer um pedido nesta virada para a década que vem por aí, pediríamos que o exercício da cultura fosse feito sem mitos, mas por trabalhadores, sem astros nem estrelas – coisa antiga e cafona imposta pelo colonizador - mas por gente que realiza. Porque desta maneira tiraríamos o mofo das idéias sonhadas pelas vedetes do momento e reencontraríamos o público que nos espera sem ter culpa desta guerra travada entre os tantos e descartáveis “quase famosos”.

* Ator, cenógrafo, diretor e produtor da Cia. Apatotadoteatro. Atualmente cursando Bacharelado em História na UDESC.